terça-feira, 10 de julho de 2012

Mãos que transpiram Arte: HISTORIA DOS ARTESÃOS E ARTESÃS DA BARRA DE CARAVELAS

Sei bordar, sei fazer cacho de fita, que é uma  coisa linda. Tecer palhas, sei fazer vagonite, trabalho em toalha, o que você imaginar eu sei fazer. Já fiz     coisas lindas que eu não sabia que era capaz de  fazer”, nos conta Edna dos Santos Freitas, 58 anos, nossa entrevistada deste mês.

Popularmente conhecida como Edinha, a artesã contou que já desenvolve essa atividade há 31 anos, pois o gosto pelo artesanato surgiu ainda quando era garota. Já nessa época utilizava materiais retirados da natureza, conchas, sementes de Gotí, com outros acessórios criava bonecos e flores. “Nessa época eu nem sabia o que era artesanato”, disse Edna. Depois de viver  uma temporada em outro Estado e ficado muito tempo longe das práticas do artesanato, voltou a criar e aprender novas   técnicas. Nesse período aprendeu a tecer palha, especialmente a taboa.

“Tem outras coisas que eu sei fazer.   Mexer com corda,  cerâmica, pintura, mas nunca fiz curso, sou autodidata. Eu via alguém fazendo, ficava observando e depois tentava e acabava conseguindo.” Apesar de saber lidar com a madeira e  também fazer entalhe, Edinha não gosta de trabalhar esse tipo de material.    A matéria prima que ela mais gosta de utilizar é a   taboa. Com Palha de taboa cria coisas lindas, é uma matéria-prima que você faz o que quiser, depende sua criatividade”.
Para muitas pessoas o artesanato é uma forma de sustentabilidade. Com a Edna não é diferente, e ela chama a atenção quando diz que é sobrevivência! “Eu pago minhas contas com o artesanato! Eu vendo   bastante em Caravelas. Já decorei lojas, salão de beleza, e também vendo minhas obras para os amigos e turistas que me procuram em casa”. A artesã conta que não consegue parar de produzir e sempre que viaja para visitar o filho, leva o material pra confeccionar suas peças. “Se eu não posso levar as taboas, eu levo as miçangas e produzo sandálias e almofadas. Em todo canto que vou procuro vender minhas mercadorias”. Ainda segundo a artista, um sonho que ela tem é poder     passar tudo que sabe para as novas       gerações, mas falta apoio e também       interesse. “Eu chamei várias garotas pra ensinar, mais a metade desistiu. Eu     tenho vontade de ensinar e sei que ele pode ser uma boa fonte de renda”, completou. “Com incentivo do governo ou de alguma empresa, poderíamos ter a chance de desenvolver esse trabalho com os jovens, além de padronizar as criações. Seria interessante montar uma associação, ter uma feira ou um espaço onde colocar as obras da gente, um espaço pra poder vender para os turistas que visitam Caravelas, mas aqui a gente não tem, o que dificulta!” concluiu.  Segundo Edinha, com apenas 10 reais é possível confeccionar algumas peças, o que torna a prática do artesanato acessível a qualquer pessoa que queira buscar através desse trabalho uma maneira de gerar renda para sua família.  As peças criadas custam entre 30 e 150 reais, dependendo do material e da arte. Sem aposentadoria, a artesã vê em suas criações o caminho mais curto para viver com dignidade. “Porque o artesão é isso... É artista, está sempre fazendo uma coisa diferente, ele é criativo por natureza e busca a beleza em tudo!”           

Texto: Edvaldo Souza publicado na edição 36ª do Jornal Comunitário O Samburá


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